domingo, 22 de abril de 2012

Processo de desenvolvimento do capitalismo


DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO

As fases do capitalismo

O início do capitalismo ocorreu no século XIII, a partir da desestruturação do sistema feudal, que por sua vez modificou o setor produtivo e as relações de trabalho, nesse momento houve o renascimento comercial que ficou caracterizado pela transição do feudalismo para o capitalismo. 
O capitalismo passou a ser dominante no mundo ocidental a partir do século XVI. A transição que houve do feudalismo para o capitalismo foi bastante desigual; foi mais rápida na parte ocidental da Europa e mais lenta na parte central e oriental. A transição foi bem mais acelerada no Reino Unido, do que nos outros países.
 O capitalismo foi se evoluindo gradativamente, aos poucos foi se sobrepondo sobre outras formas de produção, até ter sua hegemonia, que ocorreu em sua fase industrial.
 Considerando seu processo de desenvolvimento, pode-se dividir o capitalismo em 3 fases: capitalismo comercial, industrial e financeiro.

O Capitalismo Comercial

Essa etapa do capitalismo se estendeu do século XV até XVIII. Houve uma expansão de potencias, como Espanha e Portugal, que tinham como objetivo descobrir uma nova rota para as Índias, e tirar a supremacia da Itália no comércio com o Oriente, através do Mediterrâneo. Foi uma época marcada por Grandes Navegações e descobrimentos, mas também de escravidão e genocídios de muitos nativos da América e África. Os europeus comandaram esse processo de colonização e exploração.
 Esse termo capitalismo comercial se deu porque o acúmulo de riquezas ocorreu por meio do comércio. A economia nesse período funcionava sob a intervenção governamental, pois promover e aumentar o poder do Estado. A riqueza e o poder de um país era medido pela quantidade de ouro, prata e pedras preciosas.
 Durante o capitalismo comercial tudo que pudesse ser vendido como lucro virava mercadoria na mão dos comerciantes europeus. O negócio mais lucrativo foi o tráfico de escravos negros.
 Neste período também se acumulava riquezas tendo uma balança comercial favorável, ou seja, mais exportar do que importar. As colônias garantiam grande lucro, visto que eram obrigadas a vender os seus produtos por preços baixos, e comprar das metrópoles coisas que necessitavam por preços altos.
 Essa fase foi fundamental para se desenvolver o capitalismo, pois permitiu o grande acúmulo de capitais na mão da burguesia européia. Essa acumulação inicial de capitais criou condições, no Reino Unido e depois em outros países, para que ocorresse a Revolução Industrial.

Capitalismo Industrial

O capitalismo industrial foi marcado por transformações na economia, na sociedade, na política e cultura. Uma de suas características mais importantes foi a de transformar da natureza, uma quantidade bem maior de produtos aos consumidores, o que multiplicava o lucro dos produtores. Foi o período de introdução de técnicas no espaço, que levou a profundas mudanças no âmbito da geografia.
            A essência do sistema não era mais o comércio. O bom lucro vinha da produção de mercadorias.
            O mecanismos da exploração capitalista foi chamada por Karl Marx de mais valia.

Mais valia: o trabalhador assalariado recebe uma remuneração por cada jornada de trabalho. Mas o trabalhador produz um valor maior do que aquele que recebe em forma de salário. Essa parte de trabalho não pago fica no bolso dos donos das fábricas, minas e etc. Assim todo produto vendido traz uma parte que não é paga aos trabalhadores, permitindo o acúmulo de capitais.

            Por isso que o regime assalariado é a melhor forma de trabalho no capitalismo. O trabalhador assalariado alem de produzir mais, tem condições de comprar os produtos. Com isso a escravidão foi “extinta” quando o trabalhador assalariado começou a predominar.
 Com o aumento da produção também houve o aumento da necessidade de mão-de-obra, energia, matéria-prima e mercado para os seus produtos. A industrialização estava não só no Reino Unido, mas também se expandindo para o restante da Europa para os Estados Unidos, Canadá e até mesmo incipiente no Japão.
 Nessa nova fase do capitalismo a burguesia industrial, ao contrário da fase comercial passou a ser um empecilho. Consolidou-se uma nova doutrina econômica, o liberalismo.

Importante!!

Liberalismo Econômico: Adam Smith defendia o indivíduo contra o poder do Estado e acreditava que cada um, ao buscar seu próprio interesse econômico, contribuiria para o interesse coletivo de modo mais eficiente. Por isso era contrário a intervenção do Estado na economia e defendia a “mão invisível” do mercado, idéia que foi expressa pelas palavras francesas “laissez-faire, laissez-passer” (deixa fazer, deixa passar), ou seja, a eliminação das interferências do Estado em assuntos econômicos.

Mudanças importantes estavam ocorrendo: a produtividade e a capacidade de produção aumentavam rapidamente; e a produção em série crescia. Na segunda metade do século XIX, estava acontecendo a Segunda Revolução Industrial. Um dos aspectos importantes desse período foi a introdução de tecnologias e novas fontes de energia, passou a haver um interesse para a pesquisa cientifica com o objetivo de desenvolver novas e melhores técnicas de produção.
 A descoberta da eletricidade beneficiou não só as industriais como a sociedade em geral, melhorando a qualidade de vida. Com o desenvolvimento do motor, e utilização de combustíveis derivados do petróleo, foi aberta novas formas de transporte.
Com o grande aumento da produção, houve também competição para se ganhar mercados consumidores e novas fontes de matérias-primas.
 Foi nessa época que ocorreu a expansão imperialista na África e Ásia. Esses continentes foram partilhados entre os países imperialistas. Com essa partilha consolidou-se a divisão internacional do trabalho, em que as colônias se especializavam em fornecer matérias-primas com o preço bem barato aos países que estavam se industrializando.
Nessa época surge uma potencia industrial fora da Europa, os Estados Unidos. Eles adotaram o lema ‘A América para os americanos’. Os Estados Unidos tinham como área de influencia econômica e política a América Latina.
Em fins do século XIX também começou a surgir o Japão como potencia. Passou a disputar territórios com as potencias européias, principalmente o território da China.
 Apesar de a primeira metade do século XX ser marcada por avanços tecnológicos, foi também um período de instabilidade econômica e geopolítica. Houve a Primeira Guerra Mundial, Revolução Russa, Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial. Em poucas décadas o capitalismo passou por crises e transformações.

Capitalismo Financeiro

Com o crescimento acelerado do capitalismo passou a surgir e crescer rapidamente várias empresas (bancos, indústrias, corretoras de valores, casas comerciais, etc) por causa do processo de concentração e centralização de capitais. A grande concorrência favoreceu as grandes empresas, levando a fusões e incorporações resultando na formação de monopólios ou oligopólios em muitos setores da economia.
Muitas corporações da atualidade, foram fundadas nesta época: Coca-cola (EUA-1886), Fiat (Itália- 1899), IBM (EUA- 1911), Siemens (Alemanha- 1847) e outras.
Uma característica marcante desta fase foi a implantação de novas  tecnologias e do uso de novas fontes de energia no processo produtivo. As grandes empresas passaram a investir significativamente em  produções científicas,m visando desenvolver novas técnicas de produção.
Ouve neste período um grande avanço da siderurgia e indústria mecânica graças ao aperfeiçoamento da fabricação do aço. Na indústria química e petroquímica, com a descoberta de novos elementos e materiais. No setor automobilístico e aeronáutico, houve grande avanço devido aos combustíveis oriundos do petróleo, possibilitando sua expansão e a dinamização dos transportes. E aumento da qualidade de vida da população devido o uso da eletricidade.
 Com o crescente aumento de produção e a industrialização expandindo-se para outros países, acirrou-se a concorrência. Havia cada vez mais a necessidade de garantir novos mercados consumidores, novas fontes de matéria primas e novas áreas para investimentos lucrativos. 
Foi neste contexto que ocorreu a expansão imperialista européia na África e na Ásia. Na Conferência de Berlim (1884 – 1885) as potências européias retalharam o continente africano.
A partilha imperialista consolidou a DIT (Divisão Internacional do Trabalho), onde as colônias se especializaram em fornecer matéria prima baratas para os países que se industrializavam. Condicionando-as a subordinação econômica.
A expansão do mercado de capitais é uma marca do capitalismo financeiro. Nos Estados Unidos se consolidou um grande mercado de capitais. As empresas foram aumentando seus capitais através da venda de ações em bolsas de valores. Permitindo assim, a formação de enormes corporações.
A política imperialista norte americana é diferenciada da política imperialista européia. A européia usava as colônias africanas como uma  continuidade do território das potências imperialistas, levando a um controle político e militar direto. Enquanto os norte-americanos exerciam um controle indireto (América para os Americanos), patrocinando golpes de estado e apoiando a ascensão de ditadores locais favoráveis ao EUA.
Neste momento torna-se cada vez mais difícil distinguir o capital industrial do capital bancário. Uma melhor denominação passa a ser então o capital financeiro. Sendo assim, os bancos passam a ter um papel importante como financiadores de produção. Onde banco incorporam indústrias, que, por sua vez, incorporam ou criam bancos para lhes dar suporte financeiro.
O liberalismo permanece apenas como ideologia capitalista, pois o mercado passa a ser dominado por grandes corporações em substituição à ivre concorrência e ao livre mercado, característica da fase industrial, na qual havia um predomínio de empresas menores. O Estado, passa a intervir na economia como agente planejador, coordenador, produtor ou empresário.
            Em 1929 apesar de o capitalismo financeiro crescer houve uma grande crise, que levou milhares de bancos e industrias a falência, causando até 1933 quatorze milhões de desempregados. Essa crise se deu devido a grande produção industrial e agrícola, mas pouca expansão do mercado de consumo externo; a industria européia passa a importar menos e exportar menos dos Estados Unidos; exagerada especulação com ações na bolsa de valores. Porém acreditava-se, segundo os preceitos liberais, que o Estado não deveria se interferir na economia.
 Mas em 1933 foi elaborado e colocado em prática o New Deal, pelo presidente Franklin Roosevelt. Foi um plano de obras publicas, com o objetivo de acabar com o desemprego, sendo este plano fundamental para melhorar a economia norte-americana. Este é um clássico exemplo de intervenção na economia, e foi fundamental para a recuperação da economia norte americana.
Esta política de intervenção estatal na economia foi conhecida como Keynesianismo.
Nesse momento, cada setor da economia passa a ter o predomínio de alguns grandes grupos (trustes). Quando os trustes, ou empresas de menor porte fazem um acordo entre si estabelecendo um preço comum, para inviabilizar a concorrência, forma-se um cartel.

Keynesianismo – política de intervenção estatal numa economia oligopolizada. Recebeu este nome porque seu principal teórico e defensor foi John M. Keynes.

Trustes – grandes grupos que controlam todas as etapas da produção, desde a retirada de matéria-prima da natureza até a distribuição das mercadorias.

Cartel – associação entre empresas para uma atuação coordenada, estabelecendo um preço comum, restringindo a livre concorrência. Geralmente elevam o preço em comum.


Surgiram também através dos trustes os conglomerados. Eles são corporações que atuam no capitalismo monopolista. Resultantes de uma grande ampliação e diversificação dos negócios, visam dominar a oferta de determinados produtos e serviços no mercado.
Um dos maiores conglomerados do mundo é o Mitsubishi Group, que fabrica desde alimentos, automóveis, aço, aparelhos de som, televisores, navios, aviões e etc. O Mitsubishi tem como financiador o banco Mitsubishi, que após a sua fusão, Tokyo-Mitsubishi, se tornou o maior do planeta.
No Brasil, também há conglomerados importantes, como: A Petrobrás, a Companhia do Vale do Rio Doce, a Votarantim, Ambev, Gerdau etc...
Após a Segunda Guerra Mundial, as antigas potencias européias foram entrando num processo de decadência, perdendo seus domínios coloniais na Ásia e África. Esse período pós-guerra, foi o início do atual processo de globalização da economia. Onde houve principalmente a emergência das duas superpotências: os Estados Unidos e a União Soviética.

O capitalismo informacional 

É um termo criado pelo sociólogo espanhol Manuel Castells, em sua obra A Sociedade em Rede, originalmente publicada no ano de 1996. O conceito refere-se à evolução dos instrumentos técnicos do sistema capitalista, sobretudo envolvendo as transformações tecnológicas proporcionadas pela Terceira Revolução Industrial. A particularidade do sistema informacional é, assim, a importância do conhecimento e a sua maior facilidade em se deslocar e reproduzir-se pelas diferentes partes do mundo.

Existe certa questão em aberto quanto à periodização do sistema capitalista e sua evolução. Alguns autores colocam o capitalismo informacional como uma fase posterior ao Capitalismo Financeiro. No entanto, em sua obra, Castells¹ nunca considerou essa divisão e apenas classificou a sociedade informacional como uma nova fase dos sistemas produtivos, mas não necessariamente como uma nova configuração do sistema em si em oposição às demais.

Além disso, o capitalismo financeiro continua ativo e atuante, com o sistema financeiro e especulativo, pautado no mercado de ações, títulos, dívidas e juros, no centro da economia. No entanto, com os avanços produzidos pela Terceira Revolução Industrial e a consolidação do processo de globalização, podemos dizer que o capitalismo informacional e o financeiro andam juntos atualmente, pois ambos se complementam.
Os avanços técnicos promovidos pela última revolução tecnológica, cujos valores se apresentaram mais profundamente na segunda metade do século XX em diante, assinalaram aquilo que Castells chama por “paradigma da tecnologia da informação”. Esse paradigma estrutura-se em três principais características, que se resumem nas seguintes premissas:

a) a informação é matéria-prima e age sobre a tecnologia;
b) o maior poder da tecnologia em moldar ou influenciar a existência individual e coletiva;
c) a estruturação das sociedades a partir da formação das redes.

Desse modo, tendo o conhecimento – e a sua rápida difusão – no cerne do desenvolvimento do processo tecnológico, as sociedades estruturam-se a partir da era da informação, compondo-se em redes estruturais. Essas redes podem ser percebidas tanto sob o ponto de vista da tecnologia, como a internet, como sob o ponto de vista do territórios, a exemplo dos sistemas de transporte e também da hierarquia urbana internacional, em que as Cidades Globais são os principais polos que formam o elo entre o global e o local.

Além dessas características, as inovações concernentes a esse período da economia permitiram:
– a ampla difusão do sistema capitalista financeiro pelo mundo, com a consolidação da globalização;
– a flexibilidade dos sistemas produtivos, com o marco para o toyotismo;
– a difusão maciça das empresas multinacionais ou globais pelo mundo;
– a ampliação da concepção neoliberal de mínima participação do Estado na economia;
– a reconfiguração da Divisão Internacional do Trabalho, com os países menos desenvolvidos industrializando-se e os mais desenvolvidos especializando-se em tecnologias de ponta;
– a intensificação do aspecto monopolista do capitalismo financeiro, com a fusão de grandes empresas (trustes) e a formação dos grandes conglomerados internacionais (holdings).


Diante desses efeitos e aspectos do Capitalismo Informacional, podemos perceber o impactos que as sucessivas transformações técnicas – e, nesse caso, aquilo que Milton Santos chamou por Meio Ténico-Científico-Informacional – geram sobre o modo de se construir as sociedades.

Fonte
http://professoralaisacabral.blogspot.com/

http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/capitalismo-informacional.htm

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